O Catálogo Messier
Paulo Araújo Duarte. Professor de Astronomia do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina. – pduarte45@hotmail.com
Entre os anos de 1758 e 1782, Charles Joseph Messier, astrônomo francês (1730-1817), compilou uma lista de aproximadamente 100 objetos difusos e difíceis de distinguir dos cometas pelos telescópios da época. Esta relação ficou conhecida como Catálogo Messier, depois de publicada, em 1771, nas Mémoires de l’Academie de Paris. Constitui-se numa coleção daqueles que podem ser considerados os objetos mais bonitos do céu, incluindo ebulosas, aglomerados estelares e galáxias. Charles J. Messier nasceu em Badonvillier, Lorraine, na França, em 26 de junho de 1730. Era o décimo filho de um total de doze, e cresceu em condições humildes. Quando tinha 14 anos, começou a demonstrar interesse por Astronomia. Em 1751 foi para Paris, onde conseguiu emprego junto a Joseph Nicolas Delisle, astrônomo da Marinha francesa, fazendo cópias de mapas e documentos. Foi Delisle que o incentivou nos estudos de astronomia elementar. Em 1754, Charles Messier foi admitido como empregado regular (balconista) do Depósito da Marinha.
Em 1757, Messier iniciou uma procura do cometa Halley, que seria visível provavelmente no ano seguinte. Delisle calculou o caminho a ser percorrido pelo cometa, enquanto que Messier elaborou um mapa desta região do céu. Mas como os cálculos de Delisle estavam incorretos, Messier estava a olhar sempre para um local errado do céu. Em 28 de agosto de 1758, descobriu um ponto nebuloso na constelação do Touro, pensando tratar-se de um cometa. Mas como percebeu, com o passar do tempo, que o mesmo não se movimentava, concluiu que se tratava de uma nebulosa, a qual hoje é conhecida pela denominação de Nebulosa do Caranguejo (é o objeto M1 do catálogo). Nesta época, todos estavam interessados em encontrar o cometa Halley. A 21 de janeiro de 1759, baseando-se nos cálculos de Delisle, Messier localizou este cometa, o que também já havia sido feito pelo alemão Johann Georg Palitzch, astrônomo amador, na noite de Natal de 1758. Quando, em 1° de abril de 1759, Delisle anunciou a descoberta do cometa, alguns astrônomos não acreditaram, talvez até pensando tratar-se de uma brincadeira relacionada com o 1° de abril. Messier continuou por muito tempo fazendo observações sistemáticas do céu, descobrindo cometas, nebulosas, aglomerados estelares e galáxias. Em dezembro de 1764, tornou-se membro estrangeiro da Sociedade Real de Ciências de Londres. Com o aumento de sua fama, também tornou-se membro da Academia de Ciências de Berlim, em 1769, e ainda da Academia de St. Petersbung, na Rússia. Em 1770, foi eleito membro da Academia Real de Ciência de Paris. Em 1771, Charles Messier foi oficializado como astrônomo da Marinha francesa. Por volta de 1774, o astrônomo Pierre François André Méchain (França 1744 – Espanha 1804), que também se dedicava à pesquisa de cometas, foi apresentado a Messier, com o qual passou a trabalhar. Em 1798, morre a esposa de Charles Messier. Não tiveram filhos. O peso da idade já estava visível, quando em 1815 Messier teve sérios problemas de saúde, ficando parcialmente paralisado. Chegou a assistir a mais algumas reuniões da Academia, mas sua vida cotidiana estava ficando cada vez mais difícil, e as observações astronômicas praticamente já estavam deixadas de lado. Em 12 de abril de 1817, Charles Joseph Messier faleceu em sua casa em Paris.