Água na Lua

Paulo Araújo Duarte. Professor de Astronomia do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina.   –  pduarte45@hotmail.com

                              Nasa 6/3/98

Depois de sete semanas em órbita lunar, os instrumentos a bordo da astronave Lunar Prospector, da NASA, mostraram fortes evidências da existência de água congelada na Lua. Embora não seja em camadas extensas, este gelo, que deve estar na forma de cristais, misturou-se em baixas concentrações com material das crateras ao redor dos pólos Norte e Sul da Lua. Apesar de já terem sido feitas algumas estimativas da quantidade deste gelo, ainda parece ser muito cedo para divulgação de números precisos. O que os dados da Lunar Prospector indicaram é que a região do polo Norte possui duas vezes mais gelo que o polo Sul. Quanto à sua origem, é bem provável que o gelo tenha resultado do bombardeamento da superfície lunar por meteoritos e cometas. A presença de água na Lua poderá favorecer o estabelecimento de uma colônia humana naquele satélite, apesar de que ainda existam muitos outros obstáculos técnicos e financeiros que precisam ser superados. Se este gelo puder ser explorado, parte dos problemas relacionados ao abastecimento de água e de oxigênio estaria resolvida. A Lunar Prospector está na Lua desde janeiro de 1998 e já fez também um amplo mapeamento dos campos magnéticos e gravitacionais de nosso satélite. Segundo a NASA, esta sonda deverá continuar rastreando a superfície da Lua até o final de 1998. Esta descoberta veio confirmar o que os cientistas já suspeitavam desde 1996, quando a sonda Clementine encontrou sinais de gelo em regiões escuras perto dos pólos lunares. Mas a NASA queria buscar provas definitivas da existência de água no satélite terrestre. Por isso, investiu numa missão específica para este fim. Os planos de uma colônia humana fora da Terra sempre se voltaram para Marte, mas muitos cientistas só conseguem imaginar uma colônia no planeta vermelho se houver uma base na Lua, onde os astronautas poderiam obter suprimentos, trocar de instrumentos e até mesmo de nave. Além disso, como a força de gravidade da Lua é bem menor do que a da Terra, os gastos com energia para impulsionar os foguetes seriam muito menores e facilitariam o lançamento de astronaves para Marte e outras regiões do espaço cósmico. Tudo começa a caminhar na direção da transformação da Lua numa espécie de trampolim para o espaço. A missão da astronave Lunar Prospector continua e muitas novidades ainda deverão surgir. Esta descoberta coloca novamente o nosso satélite em primeiro plano no campo das novidades espaciais.