Constelações da Primavera – Pégaso

Paulo Araújo Duarte. Prof. de Astronomia do Depto. de Geociências
da Universidade Federal de Santa.Catarina, Florianópolis SC.
E-mail:  pduarte45@hotmail.com

( OBSERVAÇÃO: Permitimos o uso e reprodução total ou parcial desta matéria, desde que  citada a fonte. )   Publicada em setembro de 1999

de 1999

O céu da primavera do hemisfério sul, correspondente às primeiras horas da noite dos meses de setembro a dezembro, não apresenta constelações de fácil localização, especialmente se estivermos situados em lugares com muita luminosidade. A razão é óbvia: as estrelas não são das mais brilhantes. Contudo, se o caro leitor tiver paciência e disposição para reconhecer um pouco do céu desta época do ano, poderá identificar algumas de suas constelações. Vejamos um pouco sobre a constelação de Pégaso.

Pégaso é uma extensa constelação boreal que pode ser vista no quadrante norte do céu as proximidades de Peixes e Aquário. Três de suas principais estrelas (Markab -alfa-, Scheat -beta-, Algenib -gama-) e a alfa de Andrômeda (Alpheratz) formam a figura de um grande quadrado, que seria o corpo do cavalo alado. A seguir, apresentamos algumas características das suas três principais estrelas:

NOME DA ESTRELA

MAGNITUDE APARENTE

DISTÂNCIA EM ANOS-LUZ

Markab

2,57

102

Scheat

2,61

176

Algenib

2,87

489

Faz pouco tempo, astrônomos apontaram a possível existência de um sistema de planetas em torno da estrela número 51 de Pégaso (mostrada no mapa com uma seta). As outras estrelas estão indicadas no mapa por números: Marcab (1), Scheat (2), Algenib (3) e Alpheratz (4).

51 Pégaso é uma estrela situada a 40 anos-luz de distância de nós e tem aproximadamente o mesmo raio e a mesma temperatura superficial do nosso Sol. Michel Mayor e Didier Queloz, astrônomos do Observatório de Genebra, encontraram, em 1995, evidências de, pelo menos, um objeto em órbita desta estrela, o qual foi batizado de 51 Peg B. A natureza deste objeto ainda é tema de muita discussão, havendo quem acredite tratar-se de um planeta, enquanto que outros supõem que possa ser uma estrela Anã Marrom (objeto com massa pequena demais para ser estrela e grande demais para ser planeta). Alguns dados indicam que 51 Peg B está numa órbita menor que a de Mercúrio, o que implicaria numa temperatura superficial em torno de 1000 graus Celsius. Além disso, seu período orbital seria de apenas 4 dias. Por enquanto, tudo ainda é especulação.

Acima da constelação de Pégaso está o Ponto Gama, indicado no mapa com um pequeno quadrado no cruzamento de três linhas: Equador Celeste, Meridiano Zero e Linha da Eclíptica. Este ponto, que atualmente está situado na constelação e no signo de Peixes, é que demarca as Eras. Quando o Sol cruza este ponto no mês de março, temos o equinócio de outono para o hemisfério sul e o de primavera para o hemisfério norte.

Fonte: adaptado do software Skyglobe

MITOLOGIA:

Pégaso (grego: Pégasos; latim: Pegasu) era o cavalo alado nascido do sangue da Górgona de nome Medusa, quando Perseu lhe cortou a cabeça. Para alguns, Perseu teria montado Pégaso para matar o monstro marinho que ameaçava devorar Andrômeda (que mais tarde viria a ser sua esposa), enquanto que para outros Perseu teria usado sandálias aladas, obtidas com amigos que o ajudaram a cumprir a promessa de levar a cabeça de um monstro para um rei   que estava apaixonado por sua mãe. E ao matar o monstro, Pégaso teria saído de seu peito.Como vemos, a história de Pégaso está muito ligada à de Perseu, razão pela qual veremos também um pouco da história deste personagem mitológico.

Perseu era filho de Zeus e Dânae, e neto de Acrísio, sendo que este, por meio de um oráculo, soube que sua filha (Dânae) teria um filho que o mataria mais tarde. Apavorado, Acrísio mandou colocar Dânae e Perseu numa caixa, quando este nasceu, atirando mãe e filho ao mar. Pouco tempo depois, ambos foram recolhidos por um pescador, que criou o menino como se fosse seu. Mais tarde, quando Perseu já estava crescido, o rei da Ilha de Serifo, de nome Polidectes, apaixonou-se por Dânae, quando então convidou vários amigos, inclusive Perseu, para um jantar em seu palácio. Perguntou-lhes que presente lhe trariam, e todos lhe responderam que o ideal seria um cavalo, enquanto que Perseu, talvez um pouco enciumado pelo amor que o rei demonstrava por Dânae, falou que poderia trazer-lhe a cabeça de uma Górgona (seres mitológicos monstruosos), algo que parecia impossível. No dia seguinte, todos os amigos levaram cavalos para o rei, mas Perseu nada levou, pois sua promessa teria sido apenas uma zombaria. Indignado, Polidectes ordenou que Perseu cumprisse sua promessa, caso contrário ele se apoderaria à força de sua mãe. Com isso, Perseu tratou de pedir ajuda e buscar meios de cumprir o que havia prometido como presente ao rei. Quando encontrou as Górgonas (Esteno, Euríale e Medusa), elas estavam dormindo. Calçando sandálias aladas, Perseu aproximou-se de Medusa, a única Górgona que era mortal, e decapitou-a. Foi quando do peito do monstro saltou um cavalo alado, Pégaso, e um gigante, Crisaor. Então, Perseu colocou a cabeça de Medusa num saco e partiu para Serifo. Mas ao chegar viu que Polidectes tentara se apoderar à força de Dânae, a qual se refugiara num dos compartimentos do templo. Sabendo disso, Perseu entra furioso no palácio real e mostra a cabeça da Medusa para o rei e toda sua corte, sendo que todos seus inimigos transformam-se imediatamente em estátuas de pedra.

Muito tempo depois, a professia a respeito de Acrísio, avô de Perseu, se cumpre. Perseu participava de uns jogos fúnebres, em honra ao pai    de     Teutâmides,  rei da terra de Larissa, quando ao lançar um disco com muita força, este acabou atingindo Acrísio, que estava na platéia, matando-o.