Carl Sagan

Carl Sagan: estudioso e divulgador da Astronomia

Paulo Araújo Duarte. Professor de Astronomia do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina.
pduarte45@hotmail.com

CARL EDWARD SAGAN, Astrônomo e Biólogo, nasceu em New York, Estados Unidos, em 9 de novembro de 1934. Em 1960, obteve o título de doutor pela Universidade de Chicago. Dedicou-se à pesquisa e à divulgação da Astronomia. Em 1968, foi para a Universidade de Cornell, onde dirigiu o Laboratório de Pesquisas Planetárias. Sagan interessava-se pela pesquisa de vida extraterrestre, razão pela qual desenvolveu trabalhos voltados à escuta de sinais vindos do espaço cósmico. Em entrevista à Revista Veja (27 de março de 1996), Carl Sagan diz que as antenas de rádio da Universidade da Califórnia em Berkeley captaram, ao longo de alguns anos, 30 milhões de sinais intrigantes, e que depois de minuciosa seleção sobraram 164 transmissões classificadas como “misteriosas”. Suas fontes não puderam ser identificadas, faltando para os cientistas aquilo que é essencial em ciência, que é a reprodução do fenômeno. “Sem que os sinais se repitam, não podemos considerá-los”, disse o astrônomo. Nesta linha de pesquisa, porém, sempre defendeu a necessidade da promoção do pensamento crítico e racional, sem misticismos. Chefiou as expedições das sondas americanas Mariner e Viking, pioneiras na exploração do sistema solar e foi incentivador dos grandes projetos de rastreamento do cosmos em busca de sinais de alienígenas, pois acreditava que as chances da humanidade captar algum sinal desta natureza aumentam a cada ano com o barateamento e o refinamento das tecnologias. Carl Sagan tinha uma habilidade enorme para comunicar idéias complexas de modo simples, o que lhe permitiu editar, dentre outros, o livro “Cosmos” e logo depois a série televisiva com o mesmo nome, voltada para o grande público. Foi o inspirador de muitos astrônomos jovens. Sagan era brilhante em suas idéias. Numa conferência, era capaz de discutir detalhes sobre moléculas orgânicas e a origem da vida, ou lançar uma discussão sobre política. Parecia entender de tudo. Representou um papel significativo no programa espacial americano desde o seu começo. Foi consultor e conselheiro da NASA desde os anos 50, trabalhou com os astronautas do Projeto Apollo antes de suas idas à Lua, como ainda participou dos projetos da Mariner, Viking, Voyager, e das missões da sonda Galileo. Fez estudos que ajudaram a entender os mistérios das altas temperaturas de Vênus, as mudanças sazonais de Marte e a névoa avermelhada de Titã (satélite de Saturno), que deve possuir moléculas orgânicas complexas. Por seu trabalho, recebeu numerosos prêmios de reconhecimento, inclusive o prêmio mais alto da Academia Nacional de Ciências. Foi eleito presidente da Divisão de Ciências da Sociedade Astronômica americana, presidente da Seção de Planetologia da União Geofísica americana e presidente da Seção de Astronomia da Associação americana para o avanço da ciência. Juntamente com o Astrônomo Frank Drake, foi também editor, por 12 anos, da revista Icarus. Foi co-fundador e presidente da Sociedade Planetária e ainda Cientista Visitante Distinto no Laboratório de jato-propulsão da NASA. Recebeu 22 títulos honoris causa de universidades americanas. Seu último livro foi “O Mundo Assombrado Pelos Demônios – a ciência vista como uma vela no escuro”, já lançado no Brasil, no qual demonstra nítida preocupação com o espaço cada vez maior ocupado, nos meios de comunicação, pelas explicações pseudo-científicas e místicas. Carl Sagan morreu no dia 20 de dezembro de 1996 no Centro de Pesquisas do Câncer Fred Hutchinson, em Seattle, Estados Unidos, depois de uma batalha de 2 anos com grave doença na medula óssea. Ele já havia recebido um transplante de medula em abril de 1995. Sagan sempre será lembrado como um gigante da Astronomia mundial. O mundo da Astronomia ficou um pouco mais pobre, mas o céu, sem dúvida alguma, ganhou mais uma estrela. .